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27 de maio de 2016

Fachada



Mudado, eu nunca mais fui o mesmo
Você sabe
Eu te odeio
E te amo
Cometo o mesmo erro
Que condeno
O orgulho é fachada
E o prédio já desabou
Você esqueceu:
Acabou!

Cato os cacos
E farrapos
Junto os trapos
Quebro os trapos,
Choro os laços quebrados
Mudaria os versos,
Desesperados, 
Se soubesse se ainda me ama
Porque o amor que tive
Ainda está intacto. 

Quando é que você vem?
Vai deixar a mala lá fora?
E esquecer o que não te convém?
As mãos que não são as minhas,
Que há anos percorrem teu corpo.
Meu corpo, 
Que não é outro,
É o mesmo que se encaixa ao teu
Nas noites de sono.
Esqueceu?
O sorriso que te pertenceu? 
O olhar que te enterneceu?
Os dedos que enrolaram seus cabelos,
Os lábios que molhavam os seus beijos,
O intelecto que o enrijeceu.
Não finja que esqueceu. 
Venha buscar, seu bobo,
Aquilo que nunca deixou de ser seu,
Não se contente com pouco. 


22 de maio de 2016

Chamas



Eu não sei morrer sozinho
Eu não sei morrer sem chamas
Eu não morrerei sem lágrimas.
Queimo, solitário e estranho,
Vazio e incerto.
Cruel destino!
Eu não sei morrer sozinho,
Eu, só cinza, sem carinho,
Fogaréu de sensação.

Olhe o fogo,
Fumaça,
Brasa,
Invisível e indiscreto,
Engana,
Engana,
Engana,
Engana!
Grita e tapa a boca.
Eu não queimo sem arder.
Eu não sei morrer,
mas definho sem calor
sem ter a quem recorrer.
Eu não sei,
não sei, não sei, não sei, não sei
Morrer!
Sozinho
Me deixe arder com você