Copyright © Palavra-poeta
Design by Dzignine
1 de dezembro de 2017

Amores líquidos



Eu passeei as mãos pelos cabelos dele. Ele ronronou, como um gato. Pelo hermoso. Fixei meus olhos em seus olhos castanhos, deitado ao seu lado. A chuva caía. Cenário de filme de amor. Ensaiei me levantar, mas ele segurou meu braço:

- Fica.

Fiquei. Ele continuou a me olhar. Em dias de carência como esse, uma chuva, um par de olhos castanhos que não desviam dos nossos e um chamego são a mistura perfeita para um desastre.


- - - 

- E como se conheceram?

- Numa noite de novembro. - eu disse.

Não contei que eu sabia a data. Não mencionei que eu sabia a roupa que ele estava, as palavras que havia me dito, como havia sido o seu toque no meu corpo, como dormimos abraçados a noite toda e como ficamos o dia e a tarde de domingo juntos.

Não contei como foi o pedido ruidoso e silencioso. Não contei da camisa preta e da chuva quando achei que era o fim, mas não foi. Não, não poderia falar sobre todas as suas manias, tiques e como ele beijava a minha mão.

- Mas nem lembro mais dele.

- - - 

Eu liguei o celular pela milésima vez. Vi seus olhos verdes e seu cabelo loiro na foto do perfil do WhatsApp que havia acabado de me responder.

Seus olhos verdes.

Ele estava lá, na porta. Riscando o tênis no chão, sozinho em meio a multidão. Mas ninguém ali tinha seus olhos verdes. Ele me viu. Sorri. Ele sorriu. Seus olhos verdes brilharam.

Pronto. Fui fisgado. A merda tava feita.

- - -
Ele insistiu.

Eu dei pra trás. Já estava deitado.

- Tô aqui na porta da sua casa.

Louco! Desci e o beijei, dentro do carro. Ele colocou Adele para tocar e a sua mão direita na minha coxa esquerda e sorriu pra mim. E ali, dentro do carro, eu já tinha a poesia da nossa noite pronta na minha cabeça.

- - - 


"Baby, this is what you came for..."

Ele tocava violão. Ele era bonito e tinha uma voz bonita. A gente conversava e sorria. Mas ele era de Sagitário e eu tinha 21.



- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -