Os cobertores... Ah, os
cobertores... A metáfora perfeita de uma vida perdida (ou ganhada) em abraços,
afagos e beijos. Os cobertores que cobriram os nossos corpos na primeira e na
última vez não são os mesmos, mas os cobertores vem nos cobrindo e descobrindo,
fazendo a cobertura de nossos abraços desengonçados e sendo cobertura de nossos
corpos enlaçados. Viveríamos debaixo das cobertas, acobertados no infinito
afago de nosso amor aberto e descoberto. Viveríamos dentro da colcha de
retalhos das palavras que não dizemos e das milhares de letras que não
precisaram ser ditas. Nós nos acobertamos dentro de nós mesmos, descobertos de
qualquer segredo ou medo.
Mas, assim, nu, é melhor. Assim
descoberto e já sem cobertura ou coberta. Assim, como só eu e você podemos ser.
Únicos em suas imperfeições e detalhes perfeitamente arranjados. Certos e
incertos de que é preciso virar o mundo de cabeça para baixo para entender o
nosso amor. Confessos de que juntos ou afastados, nunca estaremos separados.
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