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5 de fevereiro de 2017

Vida

Eu cresci e me deram um giz para rabiscar um caminho. Meu caminho, disseram. A gente cresce e para de desenhar corações. Isso não quer dizer que paramos de amar. Nós apagamos os desenhos da gente voando, o que não significa que não sonhamos mais. A gente não reparte o giz com a mesma facilidade. A confiança não morreu. No entanto, eu estaria mentindo se eu dissesse que nada mudou.

Você e eu, nós todos, já vimos a morte, a vida, o amor, o beijo, o abraço, a lágrima, a saudade, a rejeição, o adeus, o reencontro. A gente morre alguns dias, partes de nós apodrecem para dar lugar a outras, mais bonitas ou mais feias. O giz aperta na mão, porque nem sempre o caminho é reto. O meu caminho é uma linha que segue, mas às vezes volta, para, respira, se apaga, mas segue. Segue. Firme e forte. 

Essa linha - que de linha só tem o nome que dei agora - é o meu caminho. Meu. Ela às vezes se cruza com outras linhas, mas elas nunca se misturam. Viver é uma escrita de um giz só. Isso é lindo. E terrível. A gente cresce e engole isso. Depois de tudo, eu continuo sorrindo e quando eu choro, sei que vai passar. Eu tenho o privilégio de otimismo e não reclamo. Tem gente que não tem nem isso. Eu sempre olho a linha e sei que hoje estou melhor do que ontem. Chamo isso de felicidade. A linha, cheia de curvas, que segue. Segue. Firme e forte. 



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