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1 de julho de 2018

Moço



Afogar-me-ei em seu corpo, moço
E, em louvor, afagarei seu rosto,
Na sofreguidão de minhas mãos massagearei seu dorso,
Em êxtase, sem pressa, mergulhado em nosso esforço,
Levar-te-ei ao gozo,
E por fim, desfalecerá tua cabeça em meu pescoço.

Nesses frios de inverno, moço,
Aqueço sua alma com meu corpo
E desnudo-me, em pelo, em frente ao seu olho.
Feche as pálpebras, garoto,
Homem, menino, moço.
Cantar-te-ei meu verso insonso
Nessas rimas pobres em riqueza
E ricas em desgosto.
Mas deixa-me,
Deixe-me arder nesse seu fogo, moço,
Que a noite é longa
E o nosso desejo de amor, duradouro.

Leve essas palavras,
Moço!,
Sem julgá-las.
Delicie-se com os versos
Proferidos, concedidos, comedidos
Em sua falta de nexo
E que seu calor sobre o meu calor
Não profanem o sacramento do nosso sexo.
25 de fevereiro de 2018

Divagações de uma Vênus em Virgem



Queria eu ter o olhar diáfano,
etéreo
e aberto de uma Vênus em Peixes,
que vê a alma
antes da matéria do corpo.

Imagine apaixonar-se iludidamente inconsciente
da sua própria ilusão?
Que loucura será enxergar o outro
por além da assimetria de 3,5 cm
entre as duas metades do seu rosto
e aquela mania irritante de não saber puxar assunto?

Ah...
Que sonho...
Que sonho não ter esse olhar calejado,
viciado em sobressaltar imperfeições,
e essa indisposição de diálogos vazios,
roteiros pré-definidos,
toques clichês e
rostos que não chamam a atenção.

Pense bem na sorte de uma Vênus em Libra
que se delicia em dar prazer,
sem refletir se a sua beleza combina com a minha,
ou se aquela toalha molhada em cima da cama
é reflexo do seu desleixo,
falta de tato ou, pior!
Será seu hábito?

Poxa,
Deve ser um alívio
não pensar em tudo isso.

Mas será que elas têm essa mania de ler os sinais,
Decorar seus hábitos, gostos e desgostos,
Essa insistência em embrulhar o presente
com laço vermelho, dourado e prata
porque no dia 25 de setembro você disse
que nunca ganhou um presente assim?

Será?

Que elas se dedicam a colocar três colheres de açúcar
no café da manhã,
dar bom dia, boa tarde e boa noite, religiosamente,
como quem leu naquela revista
que o amor, pra durar, pra valer, pra merecer,
tem que ser assim?

Será?

Que quando enfim se encontram,
mesmo sabendo dos defeitos,
mesmo consciente das imperfeições,
mesmo vazias em ilusões,
mesmo submersas na matéria da realidade,
elas têm a paixão pelos detalhes?
Pela cor reluzente da sua pele morena,
os olhos castanhos que brilham com mais afinco
no sol de fevereiro,
porque é o seu aniversário,
e o sorriso harmônico com seus 28 dentes perfeitamente alinhados.

Acho que não
Mas ainda assim...
Ah..
Que sonho...