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16 de julho de 2020

Poderia



Eu poderia te amar
Sim, poderia!
Veja só que ironia!
Eu poderia te amar em outros tempos, 
naquela minha outra vida
Se me olhasse nos olhos
e lesse minh'alma,
entenderia

O amor há de nascer um outro dia,
Você me dizia,
E os meus olhos marejavam,
Calejados da habitual maresia
Eu duvido, respondia
E o coração palpitava
A palma da minha mão tremia
Seus lábios buscavam os meus
E eu fugia

Eu poderia te desejar
Veja só, eu queria!
Mas olhar nos olhos - e desejar!
Não basta,
Pois isso eu fiz, de novo faria
Ter seu corpo ao meu não diz nada
Quando o coração não quer mais poesia

E então, você me indagava
Pra sempre será você mesmo sua própria companhia?
E eu sorria
Veja só, que alegria
Só ou acompanhado,
essa é a única certeza que tenho quando me deito no final do dia

Que vida estranha,
vida vazia,
era o que você repetia
E o meu coração temia
Mas nada é pra sempre
Ser humano é afato,
Coração quer poesia
Hoje eu me deito
E durmo
Não desejo o amor como companhia
Um dia...
Veja só, eu dizia
Talvez você ou alguém volte a ser o desejo do final do dia

Hoje eu poderia te amar, 
Poderia,
Veja só, a ironia...
Po-de-ria...