No caminho engoli algumas pílulas
Dissequei algumas firulas
E escutei você falar de dores que não são suas
E me calei.
Eu não gritei.
Eu deveria.
Eu não chorei,
Quando eu podia.
O galo não cantou três vezes,
Mas eu não hesitei em negar
O sangue que corre nas minhas veias.
Porque tem dias que falar me incendeia
Mas negar não me alivia
E, no final, eu sofro calado.
O sangue que corre nas minhas veias é o meu fardo
Crime do qual me sentenciaram culpado
Depois de lavarem suas mãos, tal qual Pôncio Pilatos.
No meio do caminho eu tropecei no precipício
E, mais uma vez, não cai.
O precipício é um velho amigo
Que os meus pés cansados rodeiam
Num ciclo de vícios e resquícios.
Só quem nunca se deixou cair (ou quem sobreviveu à queda)
Sabe o que é isso.
Suplício.
Hoje eu falo.
Porque tem dias que falar me incendeia
E negar nunca me alivia,
Mas escrever me aconchega.
E em dias como aquele, onde um pedaço de papel ousou tentar me destruir,
Eu luto, em luto eterno, para que o sangue que corre nas minhas veias
- Se não pra mim, para quem há de vir -
Nunca possa me definir
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