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29 de novembro de 2014

Meus axiomas

A alegria de alguns sorrisos descabidos,
Nesse cabide, como é mesmo que chamam?
Normalidade!
O exagero destes gritos,
O excesso das duras verdades,
Desse chão duro em que pisam.
Como é mesmo o nome?
Realidade!
Pois que deixem-nos em nossas risadas escandalosas
Nós somos jovens,
Tão jovens.

Melódicos em nossas canções,
Somos tão tristes em nossa tristeza:
O exagero é nosso por direito,
Nossa maior qualidade,
Nosso mais notório defeito.
Um sexteto de instrumentos diversos
Mas de harmonia congênita:
Temos violas de cordas que se preocupam,
Tubos de um trombone que se anseia
E toca, nervoso,
Pelas teclas do piano que se alheia
E o violino, tão sensível,
Entrega as notas mais sofisticadas a toda e qualquer sereia.
A cantora dá risadas,
E o silêncio escuta, sereno, alheio, pequeno,
Entra e sai,
É intruso, mas também faz parte do concerto.

São plantas,
Sensíveis à temperatura,
Com galhos para todos os lados,
Mas de raízes profundas.
Vêm e vão,
Caem as folhas no inverno,
Mas se alegram na primavera
E a estação das flores sempre perdura.
Enroscam-se,
E uma planta a outra segura,
Mesmo pesadas, uma a outra não derruba.

Nestes estribilhos,
Nada foi aclarado,
Tudo, escurecido.
E já explico quem são,
E entenderá o motivo,
Tão óbvio quanto um axioma, meu caro,

São os meus melhores amigos! 



14 de novembro de 2014

Elementar, meu caro

Elementar, meu caro Watson. Elementar. Essa vida que passa voando e eu aqui, meu caro. Nós aqui. Nesse redemoinho sem emoções. Ou de emoções. Emoções fingidas, vendidas, compradas, revendidas, exportadas. Essa autossuficiência desenfreada. Esse não querer mais o bem querer. Então eu sou fraco, meu caro. Porque gente dependente de gente. Porque carente. Porque doente de amor. Porque independente dessa bolha de plástico de [in]diferença que nos afasta. Nessas vozes hipócritas que gritam por mudança. Gritam. Gritam. E se calam. Morrem, porque não agem. Afastam, porque só condenam. Nessas vozes infantis que gritam, esperneiam, berram, choramingam para que tudo continue igual. Elementar, meu caro. Esses rótulos de garrafa que foram jogados e espalhados. Distribuídos. Todos pegaram. Eu não quero mais, meu caro. Não sou obrigado. Não quero moldes, nem predefinições. Não quero destinos certos. Não quero certo e errado. Quero o incerto. Quero o meu completamente errado. Porque se errei é porque fui contra tudo o que dizem. Se errei eu fiz o que quis. Sofri. Dependi. Pequei. Fodi. Me fodi. Fui fodido. Proibido. Censurado. Mas fui eu. Acertei, no final. Sem certo, sem errado. E isso é elementar, meu caro. Elementar!