Elementar, meu caro Watson.
Elementar. Essa vida que passa voando e eu aqui, meu caro. Nós aqui. Nesse
redemoinho sem emoções. Ou de emoções. Emoções fingidas, vendidas, compradas,
revendidas, exportadas. Essa autossuficiência desenfreada. Esse não querer mais
o bem querer. Então eu sou fraco, meu caro. Porque gente dependente de gente.
Porque carente. Porque doente de amor. Porque independente dessa bolha de
plástico de [in]diferença que nos afasta. Nessas vozes hipócritas que gritam
por mudança. Gritam. Gritam. E se calam. Morrem, porque não agem. Afastam,
porque só condenam. Nessas vozes infantis que gritam, esperneiam, berram,
choramingam para que tudo continue igual. Elementar, meu caro. Esses rótulos de
garrafa que foram jogados e espalhados. Distribuídos. Todos pegaram. Eu não
quero mais, meu caro. Não sou obrigado. Não quero moldes, nem predefinições.
Não quero destinos certos. Não quero certo e errado. Quero o incerto. Quero o
meu completamente errado. Porque se errei é porque fui contra tudo o que dizem.
Se errei eu fiz o que quis. Sofri. Dependi. Pequei. Fodi. Me fodi. Fui fodido.
Proibido. Censurado. Mas fui eu. Acertei, no final. Sem certo, sem errado. E
isso é elementar, meu caro. Elementar!
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