Seus olhos verdes deveriam estar emplacados:
“Cuidado!
O perigo aqui está abrigado”.
Faltou cautela de minha parte,
Sua voz macia nocauteou-me
E o lento e tênue toque de nossos lábios
Só aumentou a minha vontade.
A falta de enlace era a minha intenção,
Mas sua mão quente contra o meu corpo frio
Não me deixou outra opção:
Você venceu o embate,
Colocando em destaque os desígnios do coração.
E eu, que de tanto ouvir a razão evito o ataque,
Tropecei na sintaxe,
Revertendo os elementos da habitual oração.
Como um sujeito à paixão refratário
Iria adivinhar que cairia por tais predicados?
Seus olhos verdes deveriam ser murados,
Cercados, cerceados.
Cuidado ao me olhar novamente
Com esses olhos amaldiçoados,
Pois há de me encantar com esses olhos de serpente,
Cujo veneno confunde e entorpece,
Desnorteia e enlouquece,
Afrouxa as marras e aquece
A minha mente.
Pois...
Ah...
Não preciso ser adivinho
Para adivinhar,
Não preciso de bola de cristal para vislumbrar,
Não há necessidade de me avisar,
E não há conselho que possa evitar
Que esses olhos verdes ainda hão de me desnortear.
Deixe, moço loiro dos olhos verdes,
Esverdear em nossos corpos e almas
Essa conexão ou então,
Deixe seguir em firmeza e convicção
A estrada que, antes dos olhos verdes,
Seguiam, tão firmes, tão certas, tão leves,
As batidas do meu coração.
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