Eu sou infértil
Os meus germes não irão espalhar o nosso sangue
Apenas porque a minha fertilidade é inata
Nascida da fertilidade de uma grávida.
Chega a mim a linhagem da família:
Aqui pára, aqui termina.
Sou infértil
E por isso sou marginal!
A minha infertilidade é a indecência:
Extermina a descendência
E origina a minha repudiada diferença.
Sou infértil de nascença
Mas, paradoxalmente, minha infertilidade não é inteira
Ela se permeia e a mim cria:
Sou filho da infertilidade minha.
Não tenho filhos a oferecer
E não sigo o padrão do ideal
Mas ofereço a minha infertilidade:
Mãe e filha da minha criatividade,
Progenitora da minha personalidade
Criadora da diferença que é parte da minha realidade.
Que sou marginal pela infertilidade
Isso eu o sei
Mas sou seu projeto
E condená-lo por infértil
Só por não ser ideal não é certo!
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