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3 de abril de 2012

Das Coisas Que Vejo

Talvez vocês possam me achar extremamente pessimista ao dizer o que irei dizer, mas é uma coisa que constato quando paro e penso: duvido muito que um dia que a homofobia acabe! Sim, é o que eu acho. A homofobia é uma coisa cultural. O "viado" é uma figura popular, o companheiro inseparável do negão e do português burro das piadas brasileiras. Faz parte da cultura ensinar os meninos a se portar como homens e a temer não ser tidos como homens. A homofobia é a companheira inseparável do machismo. E o machismo tá aí, às vezes escondido, às vezes gritante. Às vezes subentendido, às vezes escrito em letras berrantes. A homofobia faz os homens se tornarem mais machos. Falo por experiência própria. É um tal daquele grupinho metido a macho gritar viadinho, bicha, boiola. A homofobia faz parte da "moral e dos bons costumes". A homossexualidade causou a queda de Sodoma e Gomorra, os homossexuais são condenados ao inferno, ao fogo perpétuo. E depois disso tudo ainda existem os idiotas gays felizes que ainda falam que o mundo é gay. DE ONDE? Será que essas pessoas saem desse gueto gay, com baile gay, festa gay, casa gay, roupa gay, moda gay? (Fiquei sabendo que existe até LIVRARIA gay!). Essas pessoas leem jornais, assistem televisão? A verdade é que esses mesmos já adotaram um estilo de vida excluído. Vivem em seu próprio mundo: são as amigas bichas, que saem juntas pra balada gay, fazem compras no shopping gay e pegam os bofes (geralmente algum machão que se aproveita das gays e ainda se acha machão. Não deu o cu, porque ele seria viado?).


Claro, claro. Eu sei que existem melhorias. Alguém disse que não? Mas estaremos sendo muuuito otimistas ao falar que esse é um problema quase resolvido. Não estamos nem na metade de resolvê-lo. É difícil tirar algo da cultura. Olhe o caso do racismo...

Há quem diga que o racismo foi extinto, mas isso é uma mentira. Ser racista é fora de moda, é crime, é feio. Mas repare bem em certas brigas de alguém branco com alguém negro. É um tal de chamar o outro de preto, neguinho não-sei-o-quê e outros apelidos mais. Isso acontece nas melhores famílias, como a sinalizar que o racismo ainda tá aí, escondido embaixo da mesa, varrido pra debaixo do tapete, mas ainda aí. Talvez um dia isso ocorra com a homofobia. Talvez um dia ela seja varrida pra debaixo do tapete. Talvez um dia possamos andar na rua com nossos namorados, sermos realmente livres. Talvez um dia muitos homossexuais possam sair dos seus guetos e viver (e ser encarados) como pessoas normais, como todas as outras (sim, eu sei que muitos deles não querem, que adoram ser diferentes), sem precisar rotular todos os lugares que vão e todas as coisas que fazem com o adesivo GAY para se sentirem seguros e protegidos. 

Mas esse TALVEZ torna tudo isso uma utopia. O mundo se firma em diferenças e diferença acaba sendo sinônimo de que um sempre é o melhor que o outro. O mundo não trabalha com relatividade, com igualdade. Que eu não seja tido como pessimista e sim como realista, afinal só estou escrevendo sobre o que eu vejo. 



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