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15 de novembro de 2012

Amor obsessivo



"O vício é a marca de toda história de amor baseada na obsessão. Tudo começa quando o objeto de sua adoração lhe dá uma dose generosa, alucinante de algo que você nunca ousou admitir que queria - um explosivo coquetel emocional, talvez, feito de amor estrondoso e louca excitação. Logo você começa a precisar dessa atenção intensa com a obsessão faminta de qualquer viciado. Quando a droga é retirada, você imediatamente adoece, louco e em crise de abstinência (sem falar no ressentimento para com o traficante que incentivou você a adquirir seu vício, mas que agora se recusa a descolar o bagulho bom - apesar de
você saber que ele tem algum escondido em algum lugar, caramba, porque ele antes lhe
dava de graça). O estágio seguinte é você esquelética e tremendo em um canto, sabendo
apenas que venderia sua alma ou roubaria seus vizinhos só para ter aquela coisa mais
uma vez que fosse.
Enquanto isso, o objeto da sua adoração agora sente repulsa por você. Ele olha para você
como se você fosse alguém que ele nunca viu antes, muito menos alguém que um dia
amou com grande paixão. A ironia é que você não pode culpá-lo. Quero dizer, olhe bem
para você. Você está um caco, irreconhecível até mesmo aos seus próprios olhos.
Então é isso. Você agora chegou ao ponto final da obsessão amorosa – a completa e
implacável desvalorização de si mesma."


Elizabeth Gilbert - Comer Rezar Amar 


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