Eu sufoco os meus gritos dentro dos meus silêncios. Às vezes
eu os sufoco dentro dos meus sorrisos. Tenho certeza que todos se assustariam
ao ouvir o meu grito sufocado; o seu vigor é desproporcional à minha aparência.
Eu seguro todas as obscenidades e palavrões em minha mente. A ética e a educação
são leis ditatoriais inatas do meu ser e, me diz, como desobedecer a uma
ditadura sem sofrer duras penas? Eu sou escravo da reputação, sou escravo da
imagem social. Vivo me preocupando tanto... E ainda estou tentando reparar os
erros das vezes em que joguei tudo para o ar. Sou um escravo da sociedade que
me reprime.
Mas costumo me vingar... A minha vingança é não me entregar.
NUNCA! Odeio todos eles. E, mesmo sendo tão conveniente, sou eu contra o mundo.
É apenas superficial o que sabem de mim. Não, as minhas profundezas são
impenetráveis. Não falem “ah, eu te conheço!”. Ninguém me conhece! Ah, doces
ilusões! É apenas superficial o que sabem de mim. E o mundo pode me oprimir,
mas sei que sempre vai haver algum cordeiro desgarrado como eu. Iremos ser
força um do outro. E já não serei mais eu contra o mundo. Seremos nós contra o
mundo. E iremos fugir de tudo. E NUNCA iremos nos entregar, seremos sempre
criminosos. O que mostraremos sobre nós aos outros será apenas superficial. E o
nosso crime será sermos inconvenientes: sem seguir padrões, sem seguir
conselhos e NUNCA entregar as nossas profundezas ao conhecimento alheio!
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