Eu ainda estou nessa... Nessa o quê? Nessa de tentar entender, tentar
explicar o mundo com as mais diversas teorias porque eu não consigo
ficar sem entender. Astrologia, psicologia, religião, filosofia. E acho
que não estou sozinho. Precisamos entender, compreender, captar. Viver
boiando é pra poucos. Aqueles que usam a mente não conseguem viver uma
vida "áerea". É como diz Clarice: "Mas tenho medo do que é novo e tenho
medo de viver o que não entendo -
quero sempre ter a garantia de pelo menos estar pensando que entendo,
não sei me entregar à desorientação."
Ainda estou nessa
de tentar me entregar. E eu tento, tento, tento. Entregar não é pra
mim. Tem horas que isso é a única coisa que penso. Mas ainda tento. E
nessas infinitas tentativas vou aprendendo algumas coisas. Ainda estou
nessa de tentar tirar lições de todas as provas, obstáculos e mesmo
acontecimentos diários que me atropelam. Se entregar completamente é
coisa para os fortes... Ah, tô fraco, tô fraco! Talvez a galinha
d'angola tenha se entregado, se decepcionado."Tô fraca, tô fraca" é a
sua constatação final.
Ainda estou nessa de persistir. A
vida é persistir afinal. É ou não é? É criar o hábito de sempre seguir.
Eu vou persistindo em coisas mais bobas e pequenas. Sei que as coisas
pequenas quando amontoadas vão se tornando coisas grandes. Eu nasci de
um espermatozoide, nasci de um óvulo. Não que eu esteja me
superestimando e dizendo que sou grandioso. Mas eu tenho 1,78 m (acho).
Quanto mede um espermatozoide? Vou persistindo na alegria, na amizade,
no altruísmo. Ah, por favor, não me pergunte se persisto no amor. Ao
menos em algo temos a opção de desistir (ou será que não?).
Ainda
estou nesse planeta. Ainda estou nessa vida. Há coisas que não há como
mudar. Talvez, um dia, quem sabe, possamos mudar de planeta. Ter um
pequeno apê na Lua e observar o planeta Terra. Escrever sobre "os
pássaros que aqui não existem, se existissem certamente não iriam
gorjear como os de lá". Uma nostalgia boa sentiríamos e nas férias de
alguma estação (verão ou inverno?) passearíamos pelo nosso querido
planeta de origem. Abraçaríamos os nossos país e conversaríamos sobre
como faz frio na Lua, sobre os nossos queridos cachorros extragaláticos
que deixamos com a nossa querida empregada, a dona Luatina, tão querida
por nós. Mas o mundo... Ah, isso é coisa que não se foge. Mesmo morando
na Lua, em Marte ou nos aneis de Saturno não fugiríamos desse mundo
maluco. Não fugiríamos da nossa essência de animal racional-irracional,
bicho tecnológico, inconstante e contraditório. Ainda estou nessa de
imaginar, viajar sem sair do lugar.
Ainda estou nessa
de rimar tudo que escreve e escrever sobre tudo que rima. É a vida! Veja
só. A rima vem mesmo quando não a chamo. É mesmo coisa de canceriano.
Ou será que não? Será isso apenas uma maneira de tentar nomear? Sim,
ainda estou nessa de filosofar. Ainda estou nessa de ser eu mesmo, com
meus eternos erros e os meus infinitos acertos.
Não,
não quero me despedir de você, que dedicou seu tempo pra ler essas
coisas bobas. Porque eu ainda estou nessa de sentir, mesmo que eu não
fale, mesmo que eu não expresse. Mas o sentimento ainda está lá,
guardado, escondido, com medo de se mostrar porque eu já fui ferido. Mas
essa é a vida não é? A gente se fere, mas um dia a gente tem que se
curar.
29 de agosto de 2012
Ainda nessa...
Author:
Guilherme Freire
Label:
alma,
amor,
realidade,
sentimentos,
vida
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