Tudo que sei sobre mim foi o que me disseram, foi o que eu
li. Junto pedaços de mim por aí, em cada pessoa que passa em mim. Mas
disseram-me que não são muitos os que conseguem passar dentro de mim. Ou talvez
eu tenha lido em algum lugar que, mesmo rodeado, sou pessoa de poucos amigos. E
há, em algum lugar, uma canção que de mim diz muito e, disseram-me, que todas
as suas frases carregam pedaços de mim. E ela canta sobre a solidão. Então não
seja tão pretensioso; no final será apenas eu, acompanhado de mim mesmo. Não
tenho medo da solidão. Tenho medo apenas da confusão do choque entre a minha alma
com outras almas quaisquer. Foi o que me disseram e, sendo assim, é o que eu
sei de mim.
É golpe baixo pedir a minha ajuda. É golpe baixo apelar para
o sentimento. É golpe baixo apelar para a minha necessidade de psicologia.
Disseram-me, e eu concordei, que não sei fugir de um pedido bem feito. Mas mais
conhecedor da minha personalidade foi quem disse que no final eu fujo. E eu
fujo mesmo! Uma palavra que muito me definiria é a palavra liberdade. Não me
sufoque! Mas existem outras palavras que descrevem o meu ser e gosto muito de lê-las.
Mas existem partes de mim que não possuem palavras ou talvez... Ah, talvez eu
não tenha deixado que me desvendem por inteiro. Sou um mistério. Mas, confesso
que não sou um mistério para mim mesmo.
Tudo que sei sobre mim está aqui dentro. Mas gosto de ouvir
o que dizem sobre mim para saber que estão errados. No fundo, posso ser bem
pior do que pensam, ou bem melhor. Ninguém vai me desvendar totalmente no
final. Mas eu preciso de alguém que desvende parte do meu ser e que me dê a
liberdade para eu continuar sendo eu mesmo e encantá-lo com meu ser, o meu
estar e o desenrolar da nossa história entrelaçada.
Tudo que sei sobre mim vai mudando com o tempo. Vai se
aperfeiçoando. Mas será que eu acompanho esse movimento? Vou me aperfeiçoando
ou estou sempre regredindo?
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