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2 de outubro de 2011

Uma história de amor

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Tudo começou quando ainda eram crianças. Ela, um pouco mais velha, ainda no limiar entre a infância e a adolescência, e a outra ainda era uma criança, com tanto a aprender. A garotinha dos olhos verdes mantinha uma grande admiração pela menina-moça dos olhos castanhos, grande amiga de sua prima.
Os anos foram se passando. A garotinha dos olhos verdes foi crescendo, amadurecendo, saindo desse mundo mágico que é a nossa infância. Aos 13 anos, a garotinha dos olhos verdes começou a sutil aproximação e foi, cada vez mais, tornando-se amiga da menina já moça dos olhos castanhos. A admiração só crescia, mas, agora, não era privilégio de só uma das duas garotas. Ambas iam se admirando mais e mais e o relacionamento crescia em amor e afeto. A garota dos olhos verdes tinha uma admiração não somente pela personalidade da moça dos olhos castanhos, mas também pela sua aparência. Ela a achava linda! E esse sentimento mexia um pouco com sua mente pois ela sabia que isso não era uma coisa que uma garota costumava sentir por outra garota, mas, mesmo assim, ela não conseguia suprimir esse sentimento.




As duas trocavam olhares frequentemente. A sós e mesmo acompanhadas. O sentimento ia só crescendo e tomando a forma de um grande amor. Aos 15 anos, a idade em que a garota vive seu momento de princesa, deu-se realmente o momento de realeza da garota dos olhos verdes. O sentimento já estava nítido, sólido e era impossível escondê-lo. Foi a moça dos olhos castanhos quem tomou a atitude de tentar uma aproximação um pouco mais “afetiva”. Mas a moça dos olhos verdes ainda não estava preparada e ainda tinha um certo receio desse sentimento profundo e diferente. A moça dos olhos castanhos não se deu por vencida e, mesmo com o receio da garota dos olhos verdes, o afeto e o carinho eram os mesmos. Talvez até os diria um pouco mais reforçados. A moça gostava tanto da tal garota princesa que contou à sua mãe tudo o que sentia.
Em uma tarde de fim de férias, dentro do carro da moça dos olhos castanhos, indo para a casa da mesma em São Paulo, deu-se finalmente o tão esperado beijo. E nesse momento ambas sentiram uma paz interior tão grande, impossível de ser descrita em palavras. Finalmente juntas, finalmente unidas... Depois do beijo, os planos. A moça dos olhos castanhos não hesitava em fazê-los. “Posso te levar para a minha casa em São Paulo... Quem sabe depois, com o passar dos anos, não podemos até nos casar? Eu te amo, minha pequena!” Era o que ela sempre dizia. Pediu também que a pequena princesa namorasse com ela.
Mas a garota dos olhos verdes tinha um receio. Sentia uma admiração tão grande pela moça dos olhos castanhos que tinha medo, muito medo que tudo que ela dizia sentir fosse apenas palavras jogadas ao vento. “O que uma mulher já feita, tão linda, tão bem de vida iria querer comigo? Uma garota boba, vivendo em uma cidade sem muitas condições de progresso como a que eu vivo.” Era o que ela pensava todas as vezes em que ouvia as declarações de sua amada.
A garota voltou para a sua casa cheia de dúvidas, temores, mas também cheia de lembranças boas. A moça dos olhos castanhos sempre ligava para ela, mandava mensagens amorosas, fazia juras de fidelidade e de amor eterno. Mas a garota dos olhos verdes, tomada pela insegurança, não acreditava. Temia que a bondosa moça só quisesse se aproveitar dela.
A mãe da moça também tentou abrir os olhos da garota dos olhos verdes mas nem isso trouxe bons resultados. Porém um dia a garota dos olhos verdes resolveu dar uma oportunidade para que a moça pudesse argumentar e, quem sabe, fazê-la ver que estava errada. “Venha até a minha casa durante as férias. Poderemos conversar e, quem sabe, resolvermos isso de uma vez por todas.”
Dito e feito. A moça dos olhos castanhos voltou para a cidade da garota e tentou, de todas as maneiras, fazê-la acreditar que seu amor era verdadeiro e sincero. Mas a garota dos olhos verdes não queria acreditar. A insegurança havia entrado de tal modo em sua mente que ela não conseguia acreditar nas promessas de amor e nas palavras sinceras da moça. No fundo, ela queria acreditar. Mas, e o medo de estar sendo feita de boba? E o medo de se entregar e depois ver que tudo não passava de uma farsa? Um complô armado para se aproveitar de sua inocência... E o medo a fez recuar. Ela queria revelar todo o seu amor, toda a sua admiração, todo o seu afeto regado e cultivado durante todos esses anos, mas o medo fez com que todas as palavras fossem engolidas e entre elas ficou somente o silêncio.
A moça dos olhos castanhos tentou, no último momento, já prestes a ir embora. “Diz que me ama! Só me diga isso que eu prometo ser fiel a você, te esperar... Diz que me ama!” Mas a garota dos olhos verdes continuou calada, com as lágrimas nos olhos no lugar das palavras. “Não posso dizer. Não sei se você está mentindo...” E a garota olhou para o chão, triste. “Eu te amo. Eu vou te amar sempre e vou te esperar. Sei que um dia você vai dar o braço a torce. Te amo minha pequena!”
Esse foi o último dia que a garota dos olhos verdes teve contato com a sua amada. Horas depois sua mãe atende ao telefone. Uma notícia gravíssima! A moça havia morrido durante um acidente com um caminhão dirigido por um bêbado. A garota não quis acreditar. Só acreditou no momento em que viu o corpo de sua amada no caixão, coberto por flores e velado pelas pessoas que a moça tanto amava.
A mãe da moça chega perto da garota e entrega uma fotografia para ela. “Foi encontrado na carteira dela, minha querida. Os bombeiros entregaram-me...” Era uma foto das duas juntas e, atrás, uma legenda: Eu e meu amor!
É esquisito como o destino pode tirar de nossas vidas as pessoas que mais amamos e precisamos. Mas essa pode ser uma lição. Uma lição para que sempre arrisquemo-nos e não deixemos a insegurança tomar conta de nossos corações. Nunca sabemos o dia de amanhã e pode ser que o amanhã não traga consigo a presença daquela pessoa que precisávamos para dizer: Eu Te Amo!

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