Nas madrugadas
frias de verão
Costumava me
entreter com as chuvas da estação
Rearranjando as
palavras nas poesias sobre o amor
As noites
resumiam-se em leveza e frescor
E, no fim, o sono
trazia os sonhos típicos do coração.
Nos dias de
primavera só sol e flores
Torcendo pro tempo
correr pras férias da próxima estação
A alegria era
duradoura na presença de tantas cores
Mesmo em meio ao
desespero pela folga do verão.
O inverno secava a
terra
E o frio fechava
as portas de nossas casas
Mas pra mim era a
felicidade de mais um ano de vida
Dentro das portas
fechadas
Com família e
amigos a data era comemorada.
Mas agora tudo
mudou...
As estações passam
lentamente e já não há mais olhos para elas
E todos os
prazeres que nelas eram vividos
Tornaram-se dores,
lamúrias, suspiros.
Culpa de um
maldito Cupido!
Tento rearranjar
meus segundos para que não haja tempo
Para pensar
Rearranjo meu dia
para que não haja um minuto sequer
Disponível para
lhe amar.
Esforços em vão...
O amor entra e faz
bagunça no coração.
E as noites tão
frescas de verão
São um temor à
parte.
São horas em que
preciso lidar com o inevitável fardo
De sentir a
intensidade
Mesmo que eu
rearranje as horas, os minutos, os segundos
Parece que sempre
há uma brecha para você entrar no meu mundo
E deixar-me desfalecido.
Mesmo nos dias de
primavera
Consegui achar
tristeza nas flores mais belas
E, tirando as suas
pétalas, vai penetrando-me a solidão,
Vem em mim
entrando a insegurança
E o vento sereno
traz-me as saudades do meu amado moreno.
No frio, necessito
de um abraço aconchegante
E de novo a
saudade sufoca-me
E, sem ar e
aconchego é o meu inverno
Mesmo tão frio
parece-me um inferno
De tantas lágrimas
e soluços.
Ainda resta-me a
esperança do outono.
No outono as
folhas caem:
É tempo de
recomeço.
Quem sabe essa
estação traga o meu amado moreno...
Quem sabe as
folhas que caem nas cidades
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