Ele sempre foi um garoto solitário. Vivia sozinho dentro do
seu mundinho, sozinho compartilhando consigo mesmo os seus grandes segredos
inconfessáveis, sozinho com sua grande imaginação e criatividade. Talvez ele
não fosse triste. Acho que por muito tempo ele foi feliz trancado naquele mundo
sutil, naquela bolha protetora, forte o bastante para o manter ileso dentro
dela, mas fraca o bastante para não durar para sempre...
E, como era de se esperar, um dia essa bolha explodiu e o
garoto foi jogado na vida. A vida era crua, nua. A vida era real! Não havia
subterfúgios e como fugir de encará-la. Não dessa vez, em que não havia bolha
para se refugiar. Para preencher o vazio que havia tornado a sua solidão ele
foi buscando meios ilícitos, entrando em um mundinho assustadoramente oblíquo. A
vida era crua, nua. A vida era real! Mas, mais do que isso, a vida era injusta.
Era o que ele pensava.
O garoto aos poucos vai se tornando um cara e o cara aos
poucos foi conseguindo acostumar-se um pouco à crueza da realidade. Mas a
verdade mesmo é que o cara vai voltando aos poucos para dentro de sua bolha de
proteção. Ele entendeu, finalmente, que ninguém pode salvar a sua vida a não
ser ele mesmo. Preso dentro da bolha que insiste em se erguer ele vai tentando
criar forças para enfrentar a vida.
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