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1 de dezembro de 2011

Meu lado sombra reprimido


"Tenho de confessar
Tenho de externar o meu interior
Eu vou sair espalhando o que tenho de pior
Talvez não seja tão ruim assim
Sei que isso vai fazer bem pra mim"

Jovem Poeta 

Eu preciso evoluir. Eu preciso enfrentar e deixar de fugir. Eu preciso deixar de escrever na terceira pessoa no imperativo quando a ordem se refere apenas à mim. Preciso deixar de projetar todos os meus defeitos nos outros. Agora eu tenho a consciência... Por querer cultivar apenas o melhor de mim eu me fecho cada vez mais. Narcisista... Não! Não é essa a palavra. Autocomplacente, talvez... Jogar os meus defeitos na minha cara é a mesma coisa de se condenar ao meu ódio eterno. E isso simplesmente porque não sei encarar os meus defeitos. Saber que sou deficiente em algo ofusca todo o brilho das coisas em que sei que sou bom. Quero ser bom em tudo. Quero todos os elogios, quero todos os olhares e quero apenas aprovações. E a inveja me corrói sempre que alguém ocupa esse meu lugar. A minha língua se enche de veneno para falar mal de todos que me superam e que recebem mais brilho do que eu. Narcisista? Não! Não é essa a palavra. Apenas dependente. Os elogios são as únicas certezas que trago de que sou bom em algo. E se sou criticado... Bem, se sou criticado já não há mais certezas. Eu sou dependente. Dependente da opinião. Quero ser sempre bem aceito. Que se fodam os outros? Não, essa frase nunca foi minha. Mesmo na época em que foi tão usada por mim eu ainda me importava. Eu fazia o que não devia, mas me importava. Teve uma fase da minha vida em que recebi grandes ofensas, altas críticas. Mas foi a fase da minha vida em que eu fui eu mesmo. Foi a fase que, mesmo com toques, ou melhor, empurrões dos outros, eu consegui me desprender do famoso “o que os outros vão pensar?”. Acho que transmiti a ideia errada de que eu não me importo com o que os outros pensam de mim. Eu me importo. Mais do que me importo, eu me alimento do que os outros pensam de mim.
Eu sou o que os outros acham que eu sou. E como era difícil ser o cara que não se importava. Como era difícil ser o cara que se arriscava. Houve uma coisa que me fez desequilibrar. Uma coisa que era defeito para uns, coisa que era qualidade para outros. Ser o cara com uma vida sexualmente ativa. Ser o garoto com a vida socialmente ativa e com agenda de encontros cheia. E, pensando agora, não sei dizer se eu sou realmente esse garoto. Acho que é o que eu quero, mas não é o que esperam de mim. Ou talvez o rótulo de “safado”, “galinha” e outros sejam rótulos que eu não queira adicionar à minha lista de bons rótulos de bom garoto. E eu voltei para a minha vida pacata de bom aluno e bom garoto. Bem, nem tanto assim... Na verdade o bom garoto nunca foi um bom garoto. É só uma máscara. Ou talvez eu saiba que a sociedade não considera coisas de bom garoto o que eu faço e deixo no escondido, coisas que falo só para os melhores amigos. Não me permito nem mesmo arriscar um namoro, não me permito ser visto com algum cara. Tenho medo de o acharem feio, tenho medo de não gostarem dele, tenho medo dele não ser aceito. É, transfiro todos os meus medos para ele também. E por isso todos os meus relacionamentos acontecem no escuro.
O bom garoto gosta do proibido, o bom garoto gosta de garotos, aliás, dos caras. Caras, alguns bem mais velhos. Será o que iriam achar disso? Às vezes me pego maliciosamente pensando nas situações mais loucas. Eu sendo pego ficando com um cara mais velho. Eu passeando de mãos dadas com os caras. Eu chamando atenção negativamente através de uma relação. Sim, eu projeto a minha salvação da importância que dou ao que os outros pensam através da relação. Não há como negar. Eu realmente espero um príncipe. Um príncipe que me salve de mim mesmo. Mas estou escrevendo isso tudo apenas porque sei que o único que pode me salvar de mim mesmo sou eu. Não serei hipócrita agora que já entrei em mim mesmo e me desnudei: eu sonho me arriscar. Ser dono da minha própria vida e não deixar com que os outros a controlem. Mas tenho medo de perder as minhas medalhas de bom garoto. Me apeguei tanto a elas. Tenho medo de não receber elogios, nem aprovações. Sou como o pavão que se abre todo com elogios. Mas uso máscara de humilde. Eu preciso, antes de tudo, ter uma personalidade própria. Preciso deixar de precisar da aprovação dos outros. Eu sei, eu sei...






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