O penúltimo signo do Zodíaco, representado pela figura do
Aguadeiro, é o revolucionário Aquário. “Aquário é um signo complexo, com dois
regentes planetários, Saturno e Urano; mas seus regentes, diferentemente dos de
Escorpião, têm pouco em comum. Na realidade, são inimigos no mito grego, como
já vimos, e a luta entre eles parece retratar uma dualidade ou ambiguidade
inerente a Aquário. Já vimos bastante coisa sobre Crono-Saturno (ler Capricórnio);
existe pouco material mítico sobre o deus do céu Urano, a não ser o destino que
ele sofre nas mãos do filho. Na verdade, a única passagem de relevo que temos
sobre essa divindade antiga e indistinta é que ele sentiu repulsa pelos filhos
que gerou em sua mãe-esposa-irmã Gaia, os titãs terrenos e os grotescos
gigantes de cem mãos, e aprisionou a prole toda no Tártaro, nas entranhas do
inferno, para que ela não ofendesse seu senso estético. Isso já nos diz
bastante sobre Aquário – na verdade, mais do que a escassez de material poderia
sugerir. Tenho visto com tanta freqüência esse processo de repressão do terreno
e animalesco em aquarianos, que parece ser uma necessidade fundamental do
signo. A ofensa que o rude e o ctônico provocam em Aquário talvez seja
responsável por seus incessantes esforços para reformar e redimir a humanidade,
e por seu quase feroz instinto civilizador, eternamente preocupado com os
aspectos mais vis da personalidade humana, como um cachorro com seu osso”.
O titã Prometeu também traz bastante dos aspectos inerentes
à Aquário. “Prometeu é o grande trabalhador social cósmico, que, ao roubar de
Zeus o fogo para dá-lo ao homem, incorpora um espírito que não se contenta com
a vida meramente instintiva, mas precisa se tornar cada vez melhor e mais
esclarecido”. É um ser humano bastante preocupado com a humanidade em geral e
ensina-lhe várias ciências e práticas. “Creio que esse benéfico impulso de boa
vontade com relação à humanidade é um dos temas dominantes em Aquário, sem
dúvida identificado na maior parte das descrições do signo”.
Mas Aquário também tem seu lado sombra. “Creio que Aquário,
com seu bem conhecido impulso em direção ao desenvolvimento dos aspectos
civilizados e conscientes do homem, tem também dentro de si um aspecto
antiético igualmente poderoso, que forma o drama de seu padrão mítico. [...]
Tenho visto, ao lado do autêntico altruísmo de Aquário, uma profunda dúvida
sobre si mesmo; poucas vezes encontrei pessoas mais dadas à autopunição e a
autodenegrição do que os aquarianos que conseguem expressar um pouco do
espírito prometéico e que fazem uma contribuição, por pequena que seja, à
evolução individual ou coletiva. Na astrologia tradicional, o Sol está em “detrimento”
no signo de Aquário, e diz-se que isso indica que o princípio da auto-expressão
e da autoconfiança é prejudicado pela preocupação, constante nesse signo, com o
poder e o ponto de vista do grupo. Aquário muitas vezes se atormenta pelo pavor
de ser “egoísta”; de todos os signos, é o mais pontilhado de “deves” e “é
preciso”. O mito sugere uma base mais profunda para esse medo do
autopreenchimento. Implica o problema do senso do pecado, que acompanha
qualquer esforço verdadeiro de desenvolvimento”.
Mas, geralmente, o esforço para o desenvolvimento vem com a
solidão. “Não é preciso dizer que o isolamento de seus semelhantes é um dilema
profundamente doloroso para o aquariano de mente social. [...] Todos os campos
de atividade tradicionalmente aquarianos – ciência, invenção, assistência
social, psicologia, até astrologia – são mesclados pela solidão, que é o preço
pago por ofender Zeus. Ela forma o ímpeto-sombra secreto por trás da pessoa que
“precisa” ajudar os outros, pois é através dessas relações de auxílio que se
pode aliviar uma pequena parte da intensa falta de compreensão”.
Para quem não conhece o mito de Prometeu vale a pena dar uma
olhada http://pt.wikipedia.org/wiki/Prometeu.
Confiram, também, o mito que originou a constelação de Aquário http://portodoceu.terra.com.br/artesimbolismo/mitos-11.asp.
“Como nem todos os aquarianos são homossexuais, inclino-me a tomar
simbolicamente e não literalmente, essa encantadora história dos deuses gregos gays. Graves associa o mito ao repúdio
do feminino e à redução do seu poder. Esse tema certamente se refere à Aquário.
Esse signo tem visível horror inerente a tudo que é vil e biológico – já vimos
isso na história em que Urano rejeita seus filhos titãs – e tem também um
profundo medo do irracional. A imagem da homossexualidade no mito poderia,
entre outras coisas, sugerir um mundo exclusivamente masculino, um lugar onde
as mulheres e o plano instintivo da vida não podem entrar – uma união sem
prole, a não ser os produtos da mente e do espírito. Isso se aplica também às
mulheres que aos homens de Aquário, pois elas, frequentemente, se sentem mais à
vontade em companhia masculina e com os ideais masculinos”.
Concluindo: “Zeus e Ganimedes, juntos, rejeitam Hera, a
amante. Quando o rei dos deuses toma uma concubina, Hera pelo menos pode
competir. Com Ganimedes, ela não pode nem chegar perto. Acho que esse é um
padrão aquariano, embora em geral ocorra em outras esferas que não a sexual.
Esse signo, com toda certeza, é um campeão da luz e do espírito, e a única
divindade feminina com a qual Prometeu tinha qualquer espécie de ligação era
Atena (a deusa da Sabedoria), ela mesmo não tendo exatamente uma união amiga da
Grande Mãe, já que era a filha virgem de um pai. Assim o mundo prometéico é um
mundo masculino, onde se formam as imagens do drama da luta pela evolução e
suas inevitáveis repercussões”.
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