Deixei tomar conta
Dentro de mim a
alma chora
Mas, por fora...
Por fora o sangue
jorra
Resultado dos teus
lábios nos meus
Morte da minha
força.
Você me despiu,
Depois sumiu.
Você me estuprou
E deixou o meu
corpo no chão:
Apenas sangue foi
o que sobrou,
Suas forças eu
renovava
Quando,
desavisado, só sentia teus tapas,
Tua força devassa
Em meu corpo era aplicada.
E, de novo sangue,
Sangue molhado e
suado
No meu corpo era
derramado.
E eu fui fiel...
Depois de cada
agressão
Eu te acalentava.
Depois de cada
estupro
Era o meu abraço
que te reconfortava
E as minhas mãos
por você mordidas
Que acalmavam tua
ira.
Já sem forças
Eu oferecia o meu
corpo a você,
Só para você
“comer”,
Da maneira que
gostava de dizer,
Esse jeito rude
que gostava de me tratar.
Até a tua morte
dentro de mim,
Eu fui fiel
E te amei.
Nenhuma vez te
desrespeitei,
Nenhuma de suas
leis eu quebrei,
Fui seu escravo,
você meu rei.
Mas você foi além,
Muito além das
minhas capacidades de suporte
Por isso a sua
morte.
Eu fui fiel,
Repito quantas
vezes for possível!
Mas outro eu não
permito,
Não permiti.
Quando o outro eu
vi
Foi-se uma parte
de mim.
Suas frases
horripilantes,
Seus movimentos
repugnantes:
Tudo, naquela
hora, tão claro!
E foi tão fácil
matá-lo,
Apenas um tiro
E matei você, seu
bandido!
Que estuprou com
mais força,
Pediu mais
submissão e servidão,
Usou os apelidos
mais sujos e infames,
Naquele seu fraco
amante!
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