Copyright © Palavra-poeta
Design by Dzignine
24 de dezembro de 2011

Sangue infame




Deixei tomar conta
Dentro de mim a alma chora
Mas, por fora...
Por fora o sangue jorra
Resultado dos teus lábios nos meus
Morte da minha força.

Você me despiu,
Depois sumiu.
Você me estuprou
E deixou o meu corpo no chão:
Apenas sangue foi o que sobrou,
Resquícios do nosso amor.

Suas forças eu renovava
Quando, desavisado, só sentia teus tapas,
Tua força devassa
Em meu corpo era aplicada.
E, de novo sangue,
Sangue molhado e suado
No meu corpo era derramado.

E eu fui fiel...
Depois de cada agressão
Eu te acalentava.
Depois de cada estupro
Era o meu abraço que te reconfortava
E as minhas mãos por você mordidas
Que acalmavam tua ira.
Já sem forças
Eu oferecia o meu corpo a você,
Só para você “comer”,
Da maneira que gostava de dizer,
Esse jeito rude que gostava de me tratar.

Até a tua morte dentro de mim,
Eu fui fiel
E te amei.
Nenhuma vez te desrespeitei,
Nenhuma de suas leis eu quebrei,
Fui seu escravo, você meu rei.
Mas você foi além,
Muito além das minhas capacidades de suporte
Por isso a sua morte.

Eu fui fiel,
Repito quantas vezes for possível!
Mas outro eu não permito,
Não permiti.
Quando o outro eu vi
Foi-se uma parte de mim.
Suas frases horripilantes,
Seus movimentos repugnantes:
Tudo, naquela hora, tão claro!
E foi tão fácil matá-lo,
Apenas um tiro
E matei você, seu bandido!
Que estuprou com mais força,
Pediu mais submissão e servidão,
Usou os apelidos mais sujos e infames,
Naquele seu fraco amante!




1 comentários: