Copyright © Palavra-poeta
Design by Dzignine
9 de dezembro de 2011

Um sonho intenso de amor - Parte I


Essa história veio porque, e apenas porque, a ficção romântica nunca foi um forte meu. Digamos que esse Jovem Poeta aqui é dono de um perfeccionismo que faz com que todas as histórias românticas, aquelas carregadas de sentimento e emoção, acabem indo para a lixeira. Mas eu mereço uma boa história de amor contada por mim. Nós merecemos, não é mesmo?

Um sonho intenso de amor


Como começa uma história de amor?
É o que eu me perguntava todos os dias até o dia em que eu encontrei o amor. Sinceramente, não foi algo real e, por se tratar de algo tão fantástico, não acredito em minha sorte até hoje. Tem dias em que eu acordo, olho para o lado e penso que ainda estou dormindo. Estou vivendo um sonho... E tudo começou não com um olhar, mas com um sorriso.
Meu nome é Rafael e comumente me descrevem como um cara pacato e discreto, mas popular e sociável. Não tenho nada a negar sobre essa descrição. Realmente sou pacato, às vezes até demais. Não sou uma pessoa de arriscar, prefiro o seguro ao incerto. Mas isso não me impede de sonhar, não mesmo. Mas, mesmo os meus sonhos, eram sonhos de uma vida pacata, tranqüila, vivendo em alguma choupana à beira de um lago com um bom trabalho na cidade, não muito agitada, perto da minha pequena choupana. E, enquanto meus sonhos não se tornavam realidade, eu vivia no meu mundo pacato e tranqüilo, trabalhando como garçom na Livraria e Cafeteria Expresso Quente, um dos points da cidade. A propósito, sempre gostei de ler. E foi esse meu hobbie que fez com que eu procurasse trabalho na livraria. Trabalhar junto aos livros, por si só, já recarregava as minhas energias e, claro, não havia ambiente mais espiritual e... pacato!
A minha rotina era sistemática, segura e calma. Tudo que eu mais queria. Talvez, nem tanto... Na verdade, lá no fundinho do meu ser, eu tinha uma vontade de arriscar, jogar tudo pro ar, fazer coisas que nunca tive coragem de fazer. Mas não me permitia nem pensar nessas possibilidades até que surgiu alguém especial na minha vida.
Foi numa manhã de uma segunda-feira pouco movimentada. A clientela era, em sua maioria, composta por algumas senhoras idosas tomando seu café matinal. Porém surge uma senhora muito bem-vestida, usando óculos escuros e acompanhada de um cara, também com óculos escuros. Os dois se dirigiram para uma mesa e eu, curioso mas solícito, fui atendê-los.
Ao me aproximar percebi estar sendo observado pelo rapaz dos óculos escuros e, quanto mais me aproximava, mais o sorriso em sua boca se largueava. Involuntariamente sorri também e senti uma agitação crescente. A senhora olhou para o rapaz, depois para mim e sorriu discretamente enquanto lia o cardápio.
- O que desejam? - eu disse, me aproximando.
- Se você fizer parte do cardápio, vou desejar quatro xícaras. E bem quente!- disse ele, sorrindo maliciosamente enquanto tirava os óculos. Seus olhos eram de um azul pacífico, mas a sua aura não era nem um pouco “calma”.
- Saulo, comporte-se! – repreendeu a senhora. – Vamos querer duas xícaras de café, por favor. O meu café sem açúcar, querido.
Fui buscar o café. O rapaz, Saulo, ficou me olhando enquanto isso. Tropeço em uma das mesas e quase caio e chamo a atenção de todos. Ele dá um sorriso maroto e a senhora olha, preocupada, para mim. Morrendo de vergonha continuo o trajeto.
Com os cafés já prontos volto para a mesa do “perigo”. Coloco as xícaras na mesa e, preparando-me para sair, a senhora diz:
- Com licença, querido. Gostaria de desculpar-me pelo comportamento inadequado do meu neto aqui. – diz ela, lançando um olhar de reprovação para Saulo. – Ele não sabe comportar-se! Mil desculpas...
- Ah, vó! Relaxa. Você nem se importou, não é? – perguntou ele, com aquele sorriso malicioso que não saía do seu rosto.
- Ah, minha senhora, claro que não. – respondi, sentindo que minha face já devia estar vermelha.
- Olha, ele é tímido! – disse ele. – Como você se chama?
- Rafael. Eu chamo Rafael. – respondi, involuntariamente sorrindo.
- Aqui está o meu telefone, Rafa. – disse, entregando-me o seu cartão. – Ligue quando puder. Quando não puder também. Para você estou sempre disponível.
A essa altura, sua avó já estava sorrindo conosco. Pegou minhas mãos num gesto de muito carinho e me convidou para qualquer dia desses visitar a casa em que os dois moravam. Já à vontade, respondi que sim. Fui mais ousado. Combinei de ir no dia seguinte, à noite.
Os dois foram embora, mas não sem antes Saulo conseguir com que eu o deixasse beijar as minhas mãos. Voltei ao trabalho pensando na família excêntrica que havia acabado de conhecer. Durante o restante do dia minha mente alternava entre ir ou não ir à casa dos dois. Que loucura, pensava eu, nem conheço esses dois direito. Mas o endereço que eles haviam me dado era de um bairro até bastante conhecido, de classe média.
No dia seguinte, depois do trabalho, resolvi seguir a minha intuição mais do que a minha razão e fui visitá-los. Confesso que, mesmo sabendo da situação dos que moravam no bairro, me assustei com o tamanho e a beleza da casa. Toquei a campainha e fui atendido por Saulo.
- E aí, cara? Não é que você veio? Entra aí!
- Sempre simpático você, né? – disse eu, sorrindo.
- Hoje você está mais atiradinho. Hum... Assim que eu gosto. – disse ele, dando uma risada contagiante.
Entramos e tive uma surpresa: sua avó não estava em casa! Foi aí que percebi a cilada que eu tinha me enfiado. Olhando para Saulo percebi o seu já rotineiro sorriso malicioso.
- Deixa eu te contar um segredo, Rafa. A minha avó gosta muito do netinho dela. Então sabe... – dizia ele, se aproximando cada vez mais. – Às vezes ela resolve dar uma mãozinha. 

0 comentários:

Postar um comentário