Copyright © Palavra-poeta
Design by Dzignine
25 de dezembro de 2011

Postagem dos signos - Peixes



“O signo dos Peixes está mergulhado no mito pois, diferentemente de muitas outras criaturas zodiacais, a linhagem do último dos signos precede os gregos claramente de muitos séculos. Peixes também é um dos mais surpreendentes signos, visto que a exploração de seus mitos gera visões que não são normalmente associadas à tradicional “alma sensível” que pode tornar-se um bêbado, um músico ou uma enfermeira. O último signo é também o primeiro, porque forma o cenário de onde surgirá o novo ciclo; visto sob esse prisma, não é estranho que o simbolismo de Peixes nos ligue não com o deus Netuno, nem com qualquer outra divindade masculina, e sim com a Mãe primordial que já encontramos no signo de Câncer, cuja manifestação é a água”.

“O peixe tem um simbolismo muito velho e variado. É uma das imagens teriomórficas que abrangem todo o espectro desde as profundezas orgiásticas aquáticas da deusa da fertilidade até a carne transcendental de Cristo. Como a pomba, que percorre o mesmo espectro e é o pássaro de Jatar e de Afrodite, assim como o símbolo do Espírito Santo, o peixe é pagão e cristão, e sua natureza, em última análise, é feminina”. Jung explica alguns significados do arquétipo do peixe. “As Grandes Mães mitológicas geralmente são um perigo para seus filhos. Jeremias menciona a representação de um peixe numa lâmpada do cristianismo primitivo, mostrando um peixe devorando o outro. O nome da maior estrela da constelação conhecida como Peixe do Sul – Fomalhaut, “a boca do peixe” – pode ser interpretado nesse sentido, exatamente como no simbolismo do peixe toda forma concebível de concupiscência devoradora é atribuída aos peixes, que se diz serem “ambiciosos, libidinosos, vorazes, avarentos, lascivos” – em resumo, um emblema da vaidade do mundo e dos prazeres terrenos (“voluptas terrena”). eles devem essas más qualidades, principalmente, ao seu relacionamento com a deusa-mãe e deusa do amor Istar, Astarte, Atagartis ou Afrodite. Como planeta Vênus, ela tem sua “exaltatio” no signo zodiacal dos Peixes”.

“Assim um desses peixes é a grande deusa da fertilidade, e o outro é seu filho. Ela é devoradora, destrutiva e lasciva: o mundo primordial dos instinto. Ele é o redentor, Ichthys, o Cristo. [...] Em Peixes, encontramos o filho da Mãe, a história doce e amarga do filho que está “de empréstimo” apenas por uma estação, e cuja pungente história chegou até nos levemente disfarçada na doutrina cristã. As conexões entre a era astrológica de Peixes e o cristianismo sã óbvias, principalmente nas referências fornecidas pelos evangelhos – “pescadores de homens”, os pescadores como os principais discípulos, o milagre dos pães e dos peixes. O simbolismo mostra Cristo e os que nele creem como peixes, e assim por diante. [...] O tema do redentor e da vítima fala muito de perto a Peixes. Quer a pessoa pisciana se identifique mais com a vítima, tornando-se aquela cuja vida é desmembrada, ou como redentor, que salva do sofrimento, não há muito o que escolher entre eles, visto que são duas facetas da mesma coisa. Assim também é o peixe voraz, a deusa, de quem a vítima precisa ser resgatada; ou para quem o redentor precisa ser sacrificado, para absorver os outros do pecado. Essas três imagens – salvador, vítima e monstro devorador do pecado e da condenação – são parte integrante do mesmo motivo mítico. Já se disse que é plausível as pessoas de Peixes se encanarem ou para sofrer ou para salvar. Como generalização, é mais verdadeira do que a maioria; e em geral ocorrem as duas coisas, pois somente o ferido tem compaixão. Nenhum signo tem tanta propensão a apresentar-se como vítima da vida, e nenhum outro signo tem tanta propensão à autêntica empatia com o sofredor. Também nunca se viu outro signo cair tão rapidamente no caos, na licenciosidade orgiástica e na dissolução ... “.

“O que isso nos diz acerca do padrão de desenvolvimento de Peixes? Creio que, em primeiro lugar significa que os dois peixes não podem ser separados. Para Peixes, o mundo caótica da Mãe está sempre desconfortavelmente próximo. Peixes, como Câncer, pode criar a partir dessa profundeza: há uma longa lista de “grandes nomes” da música, da arte e da literatura que manifestaram o doce e trágico anseio por esse mundo aquático com profundezas insondáveis. A maioria deles passou por muito sofrimento na vida pessoal. A união com o mundo inconsciente não é uma tarefa fácil para um homem de nossa cultura. Frequentemente, é assustador, para a psicologia masculina, descobrir-se um Filho da Mãe, porque o desmembramento sempre ronda por perto; para Peixes a experiência da morte e do desmembramento faz parte integrante até mesmo da criação artística. Conheci muitos piscianos que tentaram tornar-se criaturas intelectuais, super-racionais, mas sempre soava um pouco falso, pois o mundo irracional jaz logo abaixo da superfície. Muitas vezes esses piscianos envolvem-se fatalmente com pessoas que exteriorizam para eles o mundo caótico da deusa; assim – tocam as profundezas por delegação, tornando-se “enfermeiros” do louco. Einstein, um pisciano cuja maior contribuição foi dada ao mundo da ciência e da matemática, era um místico que não se envergonhava disso”.

Agora, voltemo-nos à algumas imagens mitológicas. “É inerente a praticamente todas as histórias sobre os santos, que combinam a santidade com o vício e o sadismo; de alguma forma, essas figuras pertencem ao destino que atraem. Acredito que, em Peixes, esses dois opostos vivam lado a lado. Pode até ser possível sugerir que um gera o outro. Pode até ser possível sugerir que um gera o outro. Portanto, não é de  surpreender que muitos piscianos fujam para a segurança do intelecto, para contrabalançar esse dilema. [...] Qualquer que seja o papel desempenhado por Peixes nesse drama mítico, ele é, na realidade todos os atores; ou, dizendo mais adequadamente, todos os atores vivem dentro dele. [...] Talvez esta seja uma imagem do sofrimento suportado pelo espírito pisciano por estar encarnado na carne densa. A carne pode ser uma prisão e um devorador do espírito; mas o espírito, igualmente, não é só um redentor, mas também um devorador da carne. Em Peixes, os dois certamente não se entendem. O pisciano clássico, alcoólatra, ou toxicômano, na busca do espírito, desmembra sua prisão corporal. Mas a conclamação dos Alcoólicos Anônimos, que tem ajudado tantas pessoas que sofrem desse problema, é no sentido de ter fé num poder maior que a própria pessoa”.

Concluindo: “Talvez seja o destino de Peixes viver com esse daimon extraordinário, porque repudiá-lo, como sugere o mito de Penteu, pode ser perigoso. A própria vida pode desmembrar, se não for bem-vinda. A identificação com a figura do Messias também é um tema pisciano. Assim também é a identificação com a vítima, pois como já vimos elas são uma e a mesma pessoa. Entretanto a profunda compaixão de que Peixes é capaz e seu acesso criativo às profundezas do insondável mundo da água são as dádivas decorrentes da proximidade de um tal deus”. 

0 comentários:

Postar um comentário