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20 de dezembro de 2011

Postagem dos signos - Libra



“Libra é o único signo do zodíaco representado por um objeto inanimado. Isso pode parecer insultante, mas me sugere que à medida que chegamos ao ponto de equilíbrio refletido pelo equinócio de outono, encontramos algo muito distanciado do reino dos instintos. Libra tem uma mitologia inicial altamente confusa, o que talvez seja adequado, pois as faculdades de julgamento, de reflexão e de escolha que parecem ser uma característica tão básica do signo são frutos do esforço consciente, e não ‘naturais’ ”. É assim que Liz Greene começa a falar sobre o signo de Libra. Há uma característica sobre esse signo que acredito que muitos não saibam: nem sempre o signo existia como entidade separada. “O próprio nome Libra, que significa Balança, parece não ocorrer antes do século II a.C. Isso levou alguns autores a acreditar que o signo sequer existia como entidade separada na astrologia primitiva. Ao contrário, o signo de Escorpião ocupava o dobro do espaço da constelação atual, abrangendo duas facetas ou aspectos distintos. A parte do céu agora denominada Libra era inicialmente conhecida como Chelae, as Garras do Escorpião. É muito sugestivo que a balança do julgamento equilibrado tenha se originado do que era originalmente o órgão de apreensão da escura criatura do inferno, que sempre representou o reino ctônico. É como se a nossa nobre faculdade de julgamento tivesse surgido de algo muito mais velho, mais arcaico e mais primitivo, evoluindo através dos tempos até o que agora entendemos como avaliação objetiva ou Imparcial”.

No mito sobre a constelação desse signo voltamos à Astréia, a deusa que abandonou os homens depois de vê-los em guerra e no caos como podemos ver aqui http://portodoceu.terra.com.br/artesimbolismo/mitos-07.asp. “... parece que começa a surgir uma única figura: uma deusa da justiça, uma Moira civilizada, que adquiriu algo mais refinado que o sombrio e sanguinário instinto de vingança. Essa deusa julga de acordo com a lei e a moralidade humana; entretanto, diferentemente de Astréia, que é mais uma representação ordenada da natureza. O julgamento, no sentido de Libra, repousa sobre cuidadosa avaliação e reflexão antes de dar a sentença”.


Além de compartilharem a mesma deusa no mito, Virgem e Libra possuem algumas características em comum. “A deusa Astréia também possui um pouco dessa qualidade de julgamento discriminativo, embora, como já vimos, sua esfera seja outra; mas a minha experiência mostra que Virgem e Libra partilham de um senso de ultraje parecido com relação à transgressão de regras. Parece, porém, que Libra projeta essa visão de justiça na vida de uma forma mais elevada”. Mas, claro, também tem suas particularidades. “Forma a base do intenso idealismo desse signo e de sua crença na justiça da vida. Nunca achei que se referisse, como nos dizem algumas descrições populares, ao amor romântico, flores e luz de velas, a não ser como uma preocupação abstrata com os rituais de corte adequados, segundo uma concepção ideal. O “sentimento” romântico não é propriedade de Libra. O signo tem muito mais conexão com as questões da ética e da moralidade, do julgamento e da distribuição”.


Outros duas histórias que Liz Greene associa com esse signo são as histórias de Páris e Tirésias (que podem ser conferidas aqui, respectivamente: http://pt.wikipedia.org/wiki/P%C3%A1rishttp://pt.wikipedia.org/wiki/Tir%C3%A9sias ). No mito de Páris as três deusas oferecem a ele vantagens para que ele escolha uma delas como a mais bela. “Assim, como um bom libriano, propôs galantemente que a maçã fosse dividida em partes iguais entre as três. Zeus, entretanto, não queria evasivas, e exigiu que o jovem fizesse a escolha”. O resto virou história. Ao escolher a deusa Afrodite, que lhe ofereceu o amor de Helena, a mais bela das mulheres, desencadeou a famosa Guerra de Tróia. “Dessa forma, Páris, um dos heróis míticos mais librianos, foi confrontado com a necessidade de fazer um julgamento – sobre os valores pessoais e escolha ética – reagindo de forma característica. O fato de seu final ter sido infeliz não significa que esse seja o destino concreto de Libra, embora às vezes as escolhas amorosas de Libra efetivamente levem a bastante confusão e dificuldade. Já vi o suficiente desses triângulos amorosos típicos de Libra, em que tais escolhas jogam a pessoa em dilemas emocionais (e às vezes também financeiros) mais ou menos árduos, para estar convencida de que esse mito engloba um padrão de desenvolvimento típico do signo”.

Tirésias, como pode ser lido no mito, também é obrigado a fazer um julgamento. “A necessidade de fazer um julgamento foi imposta tanto a Páris como a Tirésias. Essa necessidade surge dos próprios deuses, aparentemente em disputa. No caso de Páris, não é difícil discernir a natureza da escolha, pois não se trata realmente de um concurso de beleza, e sim de uma decisão sobre o que, em última análise, tem mais valor pra ele. [...] Parece que, por obra de Zeus, Páris não pode ter as três, o que também sugere algo sobre o “destino” de Libra. Não é possível comer o bolo todo. [...] A escolha de uma coisa em detrimento de outra, que a vida parece impor a Libra, não só contradiz o desejo inato do signo de ter tudo em proporção, em vez de ter uma coisa a expensas de outra. Esse julgamento também envolve consequências psicológicas, já que qualquer decisão ética tomada pelo ego significa a exclusão ou repressão de algum outro conteúdo da psique, o que gera enorme ambivalência e às vezes muito sofrimento. Acredito que a famosa “indecisão” de Libra não se origine numa incapacidade congênita de fazer escolhas, e sim do medo das consequências que as escolhas erradas acarretam. [...] Parece que o desenvolvimento de Libra incorpora um curioso paradoxo: o signo ama as leis ordenadas da vida e tem grande fé em sua justeza, mas se defronta eternamente com os aspectos desordenados e imorais da vida, que fragmentam e dividem a unidade amada por Libra. Entretanto, nessas vicissitudes aparentemente injustas pode-se descobrir as marcas de uma ordem mais profunda e irônica [...], para que possa se descobrir no conhecimento mais profundo dos processos de escolha”.

Concluindo: “De alguma forma, a questão da escolha evolui da necessidade de decidir quais são os próprios valores, com os conflitos decorrentes, até vislumbres dos dilemas mais profundos onde se revela que os próprios deuses têm duas faces e precisam da ajuda da consciência do homem. [...] De todas as possíveis lições inerentes às histórias de Páris, Tirésias e mesmo Jó, uma das não menos importantes é a percepção de que talvez os deuses não sejam tão justos quanto os homens. Se Libra puder chegar a aceitar esse fato, seu papel de portador da civilização e da reflexão torna-se autêntico e dignifica a nobreza do espírito humano”.

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