Estamos chegando aos últimos signos do Zodíaco e, o nono, é
o signo de Sagitário. O regente desse signo é Júpiter, na Grécia Antiga
conhecido como Zeus, o deus dos deuses. Parte de suas características é “... a
natureza competitiva, conquistadora, bombástica [...]. Embora essas qualidades
sejam tradicionalmente associadas a Áries, eu as tenho visto com freqüência não
menor em Sagitário, que não é tifo bonachão e pacato como aparece na tradição
astrológica popular”.
“Zeus é o pai dos deuses e dos homens. Já vimos que seu
nome, djeus, significa “a luz do céu”,
de modo que ele é o daimon da iluminação e do esclarecimento. [...] Oferece a
luz do espírito, ao contrário da vida condenada e predestinada do corpo, presa
nas garras viciosas da Necessidade. Esta, no meu entender, é a visão básica de
Sagitário – a incessante procura de um espírito que transcenda o destino e a
morte”.
“Mas Zeus não é inteiramente livre, nem está inteiramente no
comando. Pode ter substituído Moira, como Ésquilo acreditava, mas seu casamento
com Hera é um espinho eterno em seu lado divino. [...] Zeus não pode fugir da
esposa. Hera é tanto esposa como irmã, e Kereny enfatiza a importância de seu
status: ela e Zeus representam um casamento de iguais. Então constantemente
empenhados em discussões conjugais, como a que vimos envolvendo o profeta
Tirésias (ver em Libra); aparentemente essa disputa é um tema próprio da vida
de Sagitário. Zeus está sempre correndo atrás de outras mulheres. A lista de
suas amantes e seus filhos ilegítimos enche volumes. Hera está sempre
frustrando-o, espionando-o, perseguindo suas rivais, estragando seus idílios
românticos, tentando eliminar ou enlouquecer os seus filhos bastardos. Os dois
travam uma batalha eterna mas ficam eternamente casados, uma imagem do espírito
criador de fogo preso ao mundo da forma, dos laços e compromissos humanos, da
moralidade, da “decência” e da responsabilidade mundana, que faz parte da
natureza de Sagitário tanto quanto a desenfreada promiscuidade representada por
Zeus. Portanto não é surpreendente que tantos sagitarianos se joguem de cabeça
no destino de um casamento como o de Zeus e Hera. O sagitariano dos manuais
evita o casamento porque se sente preso por regras demais e expectativas
rígidas. Não gosta de ser “amarrado”, prefere ser “espontâneo”, ou seja, acha
desagradáveis as consequências de seus atos e prefere evitá-las. Mas, de acordo
com a minha experiência, há uma espécie de destino atuando no caso desses
centauros, homens ou mulheres, que se casam tarde. Mais cedo ou mais tarde,
tendem a encontrar suas Heras. É claro que pode não ser um cônjuge; pode ser um
emprego, uma causa à qual a pessoa se sente vinculada, ou uma casa, ou algum
outro objeto do mundo exterior. [...] Assim, sua luta para se libertar de Hera
gera muitas das qualidades que tradicionalmente associamos à Sagitário; e, o
que talvez seja mais importante, nasce um reino de justiça, uma alternativa à
vingança impiedosa da Natureza e da Necessidade, de Nêmesis e Moira”.
Vamos agora aprofundarmo-nos no mito acerca da constelação
de Sagitário que pode ser lido aqui http://portodoceu.terra.com.br/artesimbolismo/mitos-09.asp.
“Essa é uma história triste, com fim ainda mais triste. Entretanto, a imagem do
Quíron sofrendo por causa do ferimento incurável, de certa forma, harmoniza-se,
como sombra e luz, com a imperial e insaciável figura de Zeus, rei dos deuses e
dos homens. Talvez onde há muita luz precise haver escuridão. O ferimento fica
na parte animal do centauro, em sua perna, a parte que usamos para nos apoiar,
ou assumir uma postura, no mundo material. [...] Minha impressão é que essa
tristeza e essa ferida são parte integrante de Sagitário, constituindo uma
espécie de depressão ou desespero por baixo da superfície brilhante e otimista
do signo. Creio que é por isso que os sagitarianos às vezes são tão maníacos no
esforço energético que fazem para ser felizes e divertidos. Zeus cria o trovão
e o raio no céu, e não existe signo mais positivo ou mais rijo. Porém,
escondido na caverna, está o centauro sofredor, capaz de curar e dar os mais
sábios conselhos proféticos para os males de todos, exceto para os seus,
envenenado pelo choque entre sua natureza benigna e a escuridão e o veneno do mundo.
Talvez devido a essa ferida, e não a despeito dela, Sagitário seja capaz de
oferecer esperança e otimismo a si mesmo e aos outros. Esse signo não se sente
muito à vontade o corpo; nem se sente à vontade com as limitações e exigências
mundanas da vida. O caráter de Sagitário é realmente o de Zeus. Sua direção é
para cima e, seguindo o voo da flecha do arqueiro, e o senso de que a vida tem
um significado e a bondade de espírito são os fatores que os outros mais
facilmente percebem e apreciam. Mas, às vezes, existe fanatismo na entusiástica
pregação do evangelho de Sagitário, e fanatismo em geral está intimamente
associado a profundas dúvidas internas. Tenho constatado que às vezes existe
profunda amargura e mágoa rondando lá embaixo, que são, em certo sentido,
incuráveis: isto é, o fato psíquico é que gera grande parte da aspiração de
Sagitário e proporciona o ímpeto de seu voo para cima. São incuráveis porque o
homem não pode ser um deus. Assim, não se pode dizer que essa depressão ou
ferida sejam “más”, porque são, de muitas formas, o aspecto mais criativo do
signo. Dito de outra forma, é o sofrimento do animal no homem, que não pode
voar tão alto, que é mudo, e que está preso às leis da natureza. [...] Se
Sagitário aguentar encarar essa ferida, ela o fortalecerá incomensuravelmente,
porque, não visando tão alto, poderá usar seus dons para produzir de forma mais
prática e significativa”.
Concluindo: “Zeus é o daimon
que preside Sagitário, mas o mito de Quíron pende no fundo, constituindo o
inferno sombrio do signo. [...] A ferida aponta para cima, para Zeus e para a
vida eterna do espírito; e também aponta para baixo, para a vida igualmente
divina do corpo, a quem cabe aguentar uma alma tão fogosa e, consequentemente,
sofre. Como o magnum miraculum do Corpus Hermeticum, Sagitário é uma
criatura merecedora de dignidade e de honra, em parte daimon e em parte deus, em parte animal e em parte imortal, que
volta os olhos para sua metade imortal e depois precisa pagar o preço devido –
cuidar do corpo sofredor que ignorou por tanto tempo”.
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