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19 de dezembro de 2011

Postagem dos signos - Virgem



O signo de Virgem é o sexto do Zodíaco e, nele, voltamos novamente a uma figura humana representando o signo. O mito acerca dessa constelação pode ser conferido aqui http://portodoceu.terra.com.br/artesimbolismo/mitos-06.asp. Esse é o mito que os gregos associam à constelação apesar de Liz Greene também considerar o mito de Perséfone como integrante do signo, como veremos mais à frente.

No mito, Astréia foge da Terra ao ver os crimes dos homens e o caos. “Parece que ela é uma imagem da ordem intrínseca da natureza, e seu desgosto pela humanidade é uma imagem mítica da tradicional aversão de Virgem pela desordem, pelo caos e pelo desperdício de tempo e matéria. Como Astréia, Virgem não tem muita simpatia pelos que, caprichosamente, fizeram do mundo uma bagunça. Tudo tem sua hora e seu lugar no domínio da deusa Astréia; toda forma natural do universo tem seu respectivo ciclo e valor. Não é surpreendente, com um daimon desses presidindo o signo, que Virgem se incline ao ritualismo e a uma visão da vida em que é preciso restaurar a “justiça”.” Esse é um signo complexo, de paradoxos. “Complexo, realmente; Virgem parece incorporar um profundo paradoxo, uma combinação da Astréia honrada e quase pudica, lado a lado com as deusas meretrizes das orgias lunares da Ásia Menor. Esse paradoxo coloca um enorme conflito para Virgem, e é desse conflito que surge o padrão de desenvolvimento do signo. Quer se manifeste através do choque entre a vida pessoal e profissional, entre o casamento e a independência (um tema comum), entre a espiritualidade e o materialismo, entre a moralidade e o abandono, Virgem luta com esses opostos a vida toda, tentando abranger os dois. Muitas vezes o virginiano tenta incorporar um enquanto sacrifica o outro, o que geralmente causa dificuldades, pois o destino do signo parece não permitir essa divisão.”

Vale lembrar que a palavra virgem nem sempre teve o significado de castidade e pureza que tem hoje. “A palavra “virgem”, como o signo, é complexa. Hoje nossa tendência é entendê-la com relação à pureza e à inexperiência sexuais, o que está bem longe do sentido original da palavra. Nossa Virgem astrológica, no contexto mítico, tem pouco de virgem. Basta olhar para figuras como a Ártemis negra de Éfeso com seus cem seios, que ordenava que todas as jovens passassem uma noite no templo, prostituindo-se com um estranho, numa oferenda à deusa, antes do casamento, para perceber a contradição com a nossa interpretação do século XX (no caso, XXI).” Voltemos à imagem da prostituta para entender um pouco mais. “Nesse sentido, a prostituta é igual à virgem mítica, pois é uma imagem arquetípica da mulher livre, que se casou em primeiro lugar com seu ser interior, e só secundariamente com um homem. Layard escreve: Portanto, nesse sentido, a palavra ‘virgem’ não significa castidade, mas o contrário, a gravidez da natureza, livre e não controlada...”

“Pode-se ver por que esse paradoxo interno cria considerável tensão em Virgem, conhecido como um signo altamente tensionado. A moralidade interior de Virgem, quando é autenticamente interior e não emprestada do coletivo dominante – como é o caso dos membros mais tímidos do signo – está de desacordo com o que poderia ser considerado um comportamento sexual mais ou menos fora do comum. Entretanto, essa moralidade interna, por si mesma, pode ser bastante forte, e não menos baseada num senso de “correção” do que os códigos mais convencionais.” Liz Greene inicia a sua análise do mito de Perséfone, que pode ser conferido aqui http://www.algosobre.com.br/mitologia/persefone.html. Ela associa esse mito ao signo de Virgem por ser Perséfone a imagem da donzela. “Acho que a história de Perséfone é um mito que só se torna destino, no sentido literal, se Perséfone não consegue se alinhar com sua figura oposta – Afrodite – e tenta agarrar-se à virgindade no sentido mais literal, isto é, inocência e repúdio da vida. Nesse caso, a vida, como Hades, tem meios de irromper das profundezas e forçar a virgem à experiência. Mas mesmo quando se completa esse padrão mítico – e há muitos níveis e tipos de estupro – surge algo fecundo da experiência. 
Obviamente, a questão não diz respeito unicamente ao sexo, mas incorpora toda uma visão de vida. A prostituição das deusas virgens não significa meramente a disponibilidade sexual a todos os visitantes, assim como “virgem” não significa meramente estar intacta sexualmente. Entendê-la-ia mais como uma abertura ao fluxo da vida, uma disposição em confiar na ordem natural, uma aceitação da penetração e da mudança. Contrariamente às descrições populares de Virgem, creio que esse daimon paradoxal constitui o verdadeiro cerne do signo.” A arte de ser prestativo também é típica do signo. “A questão de conceder favores ou graças conforme se deseja, de acordo com leis internas, em vez de satisfazer expectativas para obter prêmios parece fundamental à figura mítica da Virgem.”

Virgem tenta ser auto-suficiente. “... Virgem se esforça para atingir esse estado e muitas vezes os acontecimentos externos conspiram para ajudar a criá-lo. As vezes o parceiro não é capaz de proporcionar a segurança desejada, ou é preciso passar um período da vida sem companhia. Esses acontecimentos aparentemente “predestinados” apontam para uma necessidade interior de viver com base nos próprios valores e não nos valores dos outros.” Essas figuras também se referem aos homens. “O virginiano, também, pode ter que lutar, durante um período de sua vida, com as expectativas da coletividade e a tranquila segurança de fazer o que é aceitável, e seus valores podem igualmente ser aqueles da sociedade no começo da sua vida adulta. Os virginianos dos dois sexos muitas vezes se veem no dilema de ter de escolher entre o caminho seguro, bem pago e, em última análise, estéril da submissão externa, e o caminho fértil, mas frequentemente solitário, da lealdade interna.”

Concluindo: “Jung disse em seu ensaio sobre a kore (donzela) que a virgem sempre precisa ser sacrificada para que possa tornar-se uma mãe. Esse é o seu “destino”. Não precisamos tomar isso literalmente, porque nenhum homem, e muitas mulheres, não se tornam mães literais. Mas se a maternidade, em seu sentido mais profundo, diz respeito à alimentação de potenciais e ao nascimento do padrão interior na vida exterior, nesse caso esse tema mítico realmente se aplica aos virginianos dos dois sexos, cujo daimon geralmente os compele a manifestar seus talentos e dons de maneira diretamente expressiva e concreta. Porém, para que esses potenciais externos sejam expressos formalmente, é preciso que a virgem morra, pois a esperança da perfeição desaparece com qualquer criação física. [...] A contaminação ofende Virgem, mas é preciso haver contaminação para que a vida seja vivida.”

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